A Dor profunda é poderosa !!!
Os ciclos sucessivos de profunda Dor são como terramotos que vão abrindo frechas profundas dentro de nós.
Quedas e quedas consecutivas num precipício, e no fundo dele nada mais que a permanência do nosso corpo paralisado numa mina de pedras preciosas... em profundo sofrimento.
Uns ficam caídos... estatelados... mortos a respirar... enquanto que outros... juntam a maior quantidade de pedras que conseguem com as poucas forças que restam do corpo despedaçado... cravam-nas no peito rasgando a pele, enquanto levitam até à superfície.
Com essas pedras... criam a sua Obra.
Maior parte de nós fica em estado de paralisia uma vida inteira, de peito aberto e vazio, desacreditados das suas forças propulsoras e dominados pelo medo da solidão.
Mas pela Obra de Arte dos que levitam percebemos que não estamos Sós, que é Real, Legítimo e Humano... e que o que sentimos pode ser Belo desde que Verdadeiro.
Tenho tantas... mas tantas pedras cravadas no peito para partilhar, escondidas e à espera que os meus filhos cresçam para que as cicatrizes não os assustem.
Sim ... cravei no meu peito tantas pedras luminosas para os seus caminhos... e algumas outras apenas suaves como plumas para os acariciar como se fossem bebés para sempre.
Até lá ... estarei contida na minha manifestação e de gabardine bem apertada 😉
O mais belo deste processo é que crescem um pouco todos os dias, e a seu tempo passam a mão na minha pele e perguntam: "- Mamã ... o que é esta marca que tens aqui?". e vou mostrando, à medida que estão preparados para receber.
A Obra não nasce um dia ... vai pedindo para nascer.
E sem dúvida que ... eles são a única Obra viva que alguma vez nascerá de mim.
Este texto é para os meus filhos.
Carmencita