Nesta compulsão da escrita... estes dias tenho revivido vezes sem conta a imagem do meu avô paterno, fechado no seu anexo, em frente à máquina de escrever e rodeado de folhas rascunhadas pelo chão.
A sua necessidade e a sua angústia de colocar para fora o que sentia era tão fascinante.
Maior parte dela fruto do que sentiu durante a sua cárcere no Tarrafal, e tudo o que lhe deu origem.
Nem quero imaginar a sua solidão... sem Facebook, e casado com a pessoa mais materialista que já conheci até hoje.
Toda a tua gente achava uma grande seca quando vinhas com os olhos brilhantes, e o poema ainda quente impresso na folha... a folha que poderia não viver para sempre.
Não foste capaz de fazer o desapego ... 😉
Mas pensando bem... não precisavas... já nasceste desapegado.
Cada dia que passa compreendo-te melhor.
Obrigada pela tua permanente doçura.
Carmencita